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Perséctivas político...
Pâmela F. Oliveira e Carlos H. Carvalho
capaz de cobrá-los e não uma multidão amorfa e passiva” (2009,
p. 101). Isso só acontece com uma educação sem fins políticos,
mas comprometida com a sociedade e a democracia, própria da
República, cujos cidadãos — espera-se — sejam todos livres e ativos,
aptos a superar a condição de súditos subordinados.
Conforme Gonçalves (2009, p. 121), a busca de melhorias para
a instrução pública mineira revelou “[...] a crença das autoridades
na escola como instrumento de inclusão do indivíduo na sociedade
republicana”; e a reforma em estudo aqui indica a insistência na
mudança da instrução como possibilidade de reformar a sociedade.
Mas isso não significa que o educando será livre.
Pensar o aluno no centro do processo educativo, criar
procedimentos para avaliação e constituição de classes
homogêneas, incentivar a realização de pesquisas
para verificação de outras características do corpo
discente e valorizar o ambiente próximo da criança
foram prescrições incorporadas ao ideário pedagógico.
Entretanto, a inexistência de um modo de vida
democrático conformou a apropriação da Escola Nova
no Brasil (e, provavelmente, em outros países), impôs
limites ao desenvolvimento da autonomia de professores
e alunos. Atribuir aos professores e alunos a prerrogativa
de estabelecimento do conteúdo escolar e o incentivo à
experiência como motor do processo cognitivo também
eram possibilidades essenciais dessa concepção que
não foram contempladas na seletividade das estratégias
desencadeadas. As prescrições para a prática reiteram
o comportamento receptor de informações que acabou
por qualificar a relação escola sociedade, própria do
contexto brasileiro. Diferente em cada conjuntura, esse
limite é inerente à própria concepção que considera o
modo de vida democrático como requisito imprescindível
para sua exequibilidade (
valdemarim
, 2010, p. 210)
.
Propositores de projetos de renovação da educação em
Minas Gerais, Francisco Campos e Antônio Carlos carregaram
consigo a visão e concepção do político, manifestadas em discursos
codificados, no vocabulário, nos termos-chave, na repetição, nos
ritos e nas simbologias: tudo capaz de produzir representações
que definissem formas de identidade e defendessem princípios da