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Perséctivas político...
Pâmela F. Oliveira e Carlos H. Carvalho
dinâmica típica do poder tem uma dinâmica de ocultação; por isso,
nem sempre uma concepção educacional significa a construção
imediata de outra concepção. Prova disso, foram as dificuldades e
limitações para efetivar os princípios da obrigatoriedade, laicidade,
gratuidade e de princípios escolanovistas mais gerais.
Como buscamos mostrar, a Reforma Educacional Francisco
Campos continha interesses políticos embutidos em seus interesses
educacionais para a instrução pública em Minas Gerais, na década
de 1920. Logo, poderíamos indagar: qual era seu objetivo real?
Os anos 1920 foram ricos pela efervescência dos debates
em torno da educação e em conseqüência, apresentam
um quadro de expectativas e de otimismo mais amplo.
Havia a crença de que a escola poderia transformar a
sociedade e conduzi-la ao desenvolvimento. Mesclavam-
se nesse debate um ideário positivista voltado para
a construção de um conceito de nacionalidade e o
ideário liberal democrático, buscando a formação da
cidadania por intermédio da ação da escola (
rodrigues
,
2006, p. 40).
De fato a reforma buscou fundamentos nos postulados da
escola nova — liberdade, cidadania e democracia. Mas vemos a
busca da liberdade como algo que deve passar por mecanismos
capazes de efetivá-la; vemos liberdade quando o indivíduo tem de
se sujeitar às necessidades da vida e não ao comando do outro. No
caso da reforma, o indivíduo não era livre porque se submetia a leis
e decretos expedidos pelo governo de Antônio de Carlos e Francisco
Campos — governo capaz de coagir e reprimir, que rege a sociedade
por leis — fruto da modernidade —, às quais todos se subordinavam:
discentes, docentes, a própria sociedade. Assim, os programas de
ensino exarados pelos órgãos superiores que constavam na reforma
foram instrumentos para controlar e orientar o trabalho docente.
E na tensão entre concepções antigas e novas, a hegemonia foi
conquistada pelo dispositivo que assegurava a racionalidade e o
controle do sistema, em detrimento da experimentação autônoma.
Assim,
O que se pode inferir, na proposição do governo de
Minas, é que a escolarização do povo, trabalhador em