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Perséctivas político...
Pâmela F. Oliveira e Carlos H. Carvalho
aos congressos mineiros e leem textos de periódicos especializados
no assunto; mas, em dúvida sobre seus resultados, continuam a
trabalhar com procedimentos que viam como mais seguros e que
demonstravam “números” crescentes a quem financiava a educação,
pois não dispunham das mesmas condições de países que difundiram
com êxito tais princípios, a exemplo dos Estados Unidos da América.
Se é plausível supor que as condições de trabalho docente contribuam
para os problemas pedagógicos do nível primário de ensino, devemos
reiterar o pensamente de Werebe de que, embora adversas, elas
“[...] não justificam, por si só, [...] o mal funcionamento [este] está
[também] no espírito tradicionalista, arraigado profundamente nas
escolas, na desvalorização generalizada de toda a educação”(
werebe
,
1968, p. 89).
Apresentadas no Congresso mineiro pelo governo Antônio
Carlos, essas ideias mereceram dos professores muita admiração.
Mas sua concretização não ficou isenta de dificuldades.
Na dinâmica da circulação das idéias e de sua
apropriação, algumas proposições foram parcialmente
consideradas, outras receberam novas interpretações
e outras ainda denunciam as dificuldades enfrentadas
por um sofisticado sistema doutrinário quando crivado
por contextos práticos. A inovação se deu em situações
preexistentes que não podem ser ignoradas e que
determinaram, em larga medida, o acolhimento e a
apropriação em que é produzida. Dewey formulou suas
proposições numdiálogo comos valores e as idéias de seu
tempo; a crítica por ele elaborada compôs a justificativa
que deu significação às inovações pretendidas; para
ser implementada em larga escala, no entanto, a nova
concepção teve que enfrentar operacionalmente o
contexto criticado que, por sua vez, evidenciou problemas
na própria teorização (
werebe
, 1968, p. 89).
São mudanças pequenas e parciais que predispuseram um
futuro semelhante ao passado e pelas quais se constrói uma versão
útil da inovação; assim, se Dewey criticava o ensino dito tradicional,
também afirmava que não se deve ignorar o uso e o conhecimento
acumulado sobre esses métodos de ensino — embora saliente ser
necessário lhe dar novo uso.