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Perséctivas político...
Pâmela F. Oliveira e Carlos H. Carvalho
de coisas relativas aos centros de interesse da criança conforme o
método Decroly. Vemos traços dos princípios escolanovistas nesses
artigos, como vemos no art. 249, onde se lê sobre a atribuição de
outro papel ao professor — deveria auxiliar o desenvolvimento físico,
mental e moral das crianças tendo em vista a infância segundo o
ponto de vista e os interesses delas, e não o do adulto; e no art. 316,
que destaca a obrigação do professor de tornar o ensino atraente.
A aproximação com o ideário estudado se mostra ainda nos
novos conhecimentos proporcionados pela psicologia e biologia,
as quais defendiam que a aprendizagem ocorreria mais facilmente
se partisse da experiência do aluno e do concreto. Ora, o art. 67,
letra e incentiva os testes psicológicos para conhecer melhor o
desenvolvimento da criança. Além disso, há referência ao uso de
museu fins de o ensino intuitivo — art. 193 — e incentivo a excursões
— art. 94, letra e — e ao escoteirismo — letra h; vemos aí formas de
fazer uma educação mais significativa e prática, conforme as lições
proferidas. Enfim, também o art. 253 revela a preocupação com o
centro de interesse da criança; isto é, mostra a desconsideração
de características do ensino tradicional, a exemplo da forma de
intelecção discente embasada na memorização de fatos e dados
desconexos.
No regulamento do ensino normal, o art. 39 incentivava a
colaboração dos alunos a fim de que desenvolvessem iniciativa,
aptidões didáticas e gosto pelo estudo. Esse incentivo toca na
relação professor–aluno, pois o incentivo à relação aluno–aluno na
aprendizagem parece reiterar a concepção pedagógica que vê no
educando o centro, enquanto o professor seria o estimulador da
aprendizagem; isso apontaria, então, elementos dos princípios da
escola nova nos quais a aprendizagem é “[...] resultante da interação
das condições internas do indivíduo e os estímulos proporcionados
pelo meio” — como diz Rodrigues (2006). Segundo o art. 41, as
lições não deveriam constituir monólogos do professor, enquanto este
deveria buscar a colaboração do aluno e incentivá-lo à investigação
e reflexão, além de — segundo o art. 44 — não se limitar ao método
expositivo e recorrer a trabalhos de documentação e investigação.
Parece haver aí uma vontade de facilitar a compreensão discente
dos conteúdos estudados.
Os princípios escolanovistas buscavam se diferenciar dos
princípios da escola “tradicional”, cuja didática e cujos métodos