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Perséctivas político...
Pâmela F. Oliveira e Carlos H. Carvalho
de concluí-los — porque precisavam trabalhar ou porque a escola
não lhes interessava, ou simplesmente por displicência. Segundo
Werebe (1968), as crianças que iam à escola e nela permaneciam
até concluir, no mínimo, o primário eram de famílias cujos recursos
econômicos possibilitavam a manutenção nos anos de estudos; isto
é, achavam-se em condições de ver no ensino um canal de ascensão
social ou de apreciar devidamente os benefícios da educação.
Rodrigues (2006) destaca que, em meio às modificações, surgiu
uma força que se destacou, sobretudo, pela consciência social;
“[...] valorizando a escola por vê-la como forma de ascensão social,
compactuava com seus valores, reforçando assim a educação das
camadas dominantes”(
werebe
, 1968, p. 57).
Francisco Campos buscou regulamentar o dispositivo
constitucional de 1891. O resultando foram normatizações que
nortearam aqueles três princípios e, por conseguinte, os caminhos
da escola nova no estado. Além de buscar o ensino laico, gratuito
e obrigatório, a reforma quis introduzir novas metodologias,
nova organização, novos discursos e novos recursos no ensino
escolar. A revisão dos fins da escola primária girava em torno
da reclamação de métodos e disciplinas novos para suprir
as necessidades complexas de uma sociedade em expansão
democrática, invadida por gerações de jovens provenientes de
meios sociais diferentes. Aí está, então, por que reformar a
educação escolar.
Eis por que reexaminar suas finalidades e estruturas
para fazê-la cumprir com as exigências novas da formação do
homem e suprir às necessidades da sociedade moderna. Na
prática, tratava-se de ajustar o ensino primário às imposições
do mundo moderno, em geral, e às necessidades do Brasil, em
particular. A tabela a seguir apresenta artigos do regulamento
do ensino primário e do Normal em Minas Gerais, expedidos,
respectivamente, em 1927 e 28, ou seja, governo de Antônio
Carlos. Supostamente, tais artigos deixam entrever a presença
de elementos do ideário escolanovista na reforma Francisco
Campos, em especial os métodos de ensino, a atuação do
professor no ensino e a disciplina no espaço escolar.