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Concepção de homem...
Alessandra Dal Lin e
Anita Helena Schlesener
Filosóficos
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Ao escrever os textos que compõem os Manuscritos, Marx
não se limitou a estudar e interpretar as obras de Hegel, de Feuerbach
e da Economia Política. Este conjunto contextualizado e articulado
por Marx, para explicitar os limites da Economia Política, forneceu
suporte teórico para o início de um confronto com o pensamento
de Hegel e a formulação da sua própria filosofia num sistema que
relacionava vida, política, economia e liberdade.
Criticando a Economia Política e as bases da filosofia hegeliana,
Marx considerou necessário superar as proposições do idealismo
hegeliano acerca do trabalho e da propriedade privada a partir de
uma rigorosa leitura da realidade no seu movimento contraditório.
Essa abordagem se apresentava tanto mais inovadora quanto
complexa, pela multiplicidade de determinações que compõe as
relações dinâmicas que envolvem o homem na sociedade capitalista.
O longo percurso crítico iniciado a partir de então resulta na
construção dos fundamentos de uma filosofia da práxis que denuncia
o caráter antagônico e contraditório das relações econômicas, sociais
e políticas da sociedade capitalista, bem como na proposição de um
projeto revolucionário a cargo das classes exploradas.
A partir da crítica dirigida aos economistas e ao pensamento
hegeliano, depreende-se que não existe uma natureza humana a priori,
mas o homem constrói a sua natureza no curso da história. A noção
de homem, que dá sustentação a um conceito de educação, firma-se
no modo como o homem, a partir da necessidade de sobrevivência,
constrói a sua própria natureza por meio do trabalho; esse aspecto
ativo e criador constitui a sua materialidade e a sua essência.
Somente a partir do trabalho, historicamente contextualizado e
compreendido, se pode enfrentar o tema da educação.
Os economistas, nos limites de sua abordagem da realidade,
reduziam “tudo ao homem, isto é, ao indivíduo, do qual eliminam
toda determinação, para fixá-lo como capitalista ou como operário”.
Nesse contexto, aparece “a divisão do trabalho, expressão econômica
do caráter social do trabalho, no interior da alienação” (MARX,
1974, p. 30). A atividade humana alienada e reduzida ao individual
perde a sua conotação social pela qual o trabalho se torna criativo.
O trabalho se constitui como capacidade de criar e transformar a
natureza gerando as condições necessárias para produzir e reproduzir
3 As bases de nossa leitura são duas traduções: a apresentada na coleção Os Pensadores,
edição de 1874 e a mais recente, publicada pela Editora Boitempo em 2004.