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Contribuições de Gramsci...
Rosane Biesdorf e Adriana Maamari
Com o início do período militar, em 1964, Freire é preso sob
a acusação de subverter a ordem, permanecendo no cárcere por
dois meses. Ao ser liberto, exila-se na Bolívia e mais tarde no Chile,
onde dá continuidade ao seu trabalho de alfabetização, escrevendo
sua obra mais conhecida:
Pedagogia do oprimido,
em 1969. Após
cinco anos, vai aos Estados Unidos, Suíça e alguns países da África,
continuando seu trabalho de alfabetização pelos lugares onde passou.
Freire fica dezesseis anos exilado, voltando ao Brasil em 1980, quando
é convidado a trabalhar na UNICAMP. Como pensador da prática da
educação, publica vários escritos, nos quais destaca, especialmente,
a educação como elemento indispensável à emancipação e libertação
das categorias menos favorecidas.
Uma trajetória muito parecida com a de Freire possui
o italiano Antônio Gramsci. Filho de funcionários
públicos, nasceu no ano de 1891, na ilha da Sardenha,
região mediterrânea da Itália, sendo esta uma região
considerada subdesenvolvida, fato atribuído à sua
localização geográfica. Esta condição também se
repete nas áreas localizadas próximo ao mediterrâneo
nos outros países. Nosella (1992) nos diz crer que
só é possível compreender a insistência de Gramsci
sobre as questões políticas, filosóficas e culturais
quando se percebe sua vida atrasada, pobre, sofrida...,
características estas do homemmeridional, podendo ser
comparadas às do nordestino brasileiro.
O pai de Gramsci, ainda quando este era criança, perde o
trabalho e tem problemas com a polícia, sendo preso. A partir desse
momento, as condições financeiras da família não foram mais as
mesmas. Gramsci faz a escola primária e, devido às dificuldades
financeiras, fica afastado por dois anos, quando, então, retoma
os estudos para terminar o ginásio. Depois disso, muda-se para
Gacliari, onde faz o colegial. Ali, tem contato com as obras de
Marx. Nosella (2008) destaca que, nesse período, Gramsci passa
a frequentar o movimento socialista, participando das discussões
sobre os problemas econômicos e sociais. O sentimento de rebeldia
contra os ricos, sempre presente em seus escritos, fica evidente em
1910, quando publicou o seu primeiro artigo intitulado
Oprimidos
e opressores.