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Redes sociais e escola...
Eliete Jussara Nogueira et al
Assim, o desafio da escola seria:
elaborar e testar metodologias compatíveis com
processos de inteligência coletiva (“
learn from your
neighbours
” - Steve Johnson; “
I store my knowledge
in my friends
” - Karen Stephenson),baseadas na idéia
de cidade educadora (reconceitualizada como cidade-
rede de comunidades que aprendem)
5
. (FRANCO,
2010a, p.16)
Ampliando a discussão e contribuindo para o entendimento
dos novos letramentos como coletivos e não individuais, o mesmo
autor (FRANCO, 2010a, p.3) destaca que “o que de tão importante
se descobriu nos últimos anos é que, em última instância, quem é
educadora é a sociedade, a cidade, a localidade onde as pessoas
vivem e se relacionam”. Ou, segundo um dito popular utilizado
por Lemke (2002), “é necessário uma cidade para se educar uma
criança”
Franco vai além propondo que “os sistemas educativos
devem ser, sempre, sistemas sócio-educativos configurados em
localidades, em sócio-territorialidades, quer dizer, em redes sociais
que se conformam como comunidades compartilhando agendas de
aprendizagem”. (FRANCO, 2010a, p.3). Para o autor, a manutenção
da escola centralizada no professor, no currículo organizado por
outrem e na autoridade, ocorre em função da manutenção do
poder, pois, segundo ele “aprender sem ser ensinado é subversivo”.
O autor reforça seu argumento com um
twitter
de Pierre Lévy:
“as universidades não têm mais o monopólio da distribuição do
conhecimento, mas retêm em suas mãos o monopólio da distribuição
do diploma”. (FRANCO, 2010a, p.5)
Mas não seria esse o lugar reservado para a escola em
nossos dias, acreditar certificados e distribuir diplomas. Nossa
perspectiva é que a escola precisa dialogar mais com a sociedade
e com as comunidades onde se insere. Reforçando a visão social,
comunitária da aprendizagem e da escola, Lemke, em seu trabalho
Re-engeeniering education in America
(2002) distingue educação de
escolarização (
schooling
) ao afirmar que enquanto a primeira é o que
uma comunidade faz para promover o aprendizado e a compreensão
5 Em tradução livre, as duas máximas podem ser entendidas como: “Eu aprendo commeus
amigos” e “Eu guardo meu conhecimento na cabeça dos meus amigos.”